Beneficiários do Bolsa Família podem ser proibidos de apostar
O Governo Federal estuda restringir o acesso de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a sites de apostas online, como forma de evitar o uso de recursos públicos em atividades de risco financeiro.
A medida atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e está sendo debatida pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA), que avalia o bloqueio de CPF como a solução mais viável.
A proposta prevê impedir que os dados de beneficiários sejam aceitos pelas plataformas de apostas, criando um filtro automático para evitar que esses recursos sejam utilizados nesse tipo de transação.

“Essa restrição é uma forma de proteger tanto os beneficiários quanto a economia popular.”
Segundo o Governo Federal, o uso do CPF pode permitir um controle eficaz e menos invasivo do que medidas que bloqueiem as contas bancárias.
O Ministério do Desenvolvimento Social também acompanha a situação. O ministro Wellington Dias destacou que o Bolsa Família foi criado para garantir alimentação e condições básicas de vida, e que qualquer desvio dessa finalidade preocupa o governo.
Enquanto isso, a SPA-MF trabalha em paralelo na criação de um sistema nacional de apostas, que unificará critérios de regulação, integridade esportiva e proteção ao consumidor, inclusive com um cadastro de pessoas proibidas de apostar — como atletas profissionais, árbitros e menores de idade.
Pressão do STF e do TCU
A discussão ganhou força após decisões do STF e do Tribunal de Contas da União (TCU). Em agosto de 2023, o Supremo determinou que o governo tomasse providências para impedir que recursos de benefícios sociais fossem utilizados em apostas. Em dezembro, o TCU reforçou a medida com uma determinação cautelar, exigindo ações imediatas.
A preocupação cresceu com dados do Banco Central que apontam que, só em agosto de 2024, cerca de 5 milhões de beneficiários realizaram transferências que somaram R$ 3 bilhões para plataformas de apostas — com valor médio de cerca de R$ 100 por pessoa. A maioria dessas operações foi feita pelos próprios titulares do benefício.
Congresso debate bloqueio das bets
O bloqueio também deve ser discutido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o mercado de apostas online no Senado.
A CPI pretende convocar representantes do Ministério da Fazenda e do Banco Central para entender o fluxo dessas transações e os possíveis impactos da medida. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, está entre os nomes aguardados em audiência no próximo dia 9 de abril.