O Marketing também faz parte do Jogo Responsável
Sendo um setor com muita concorrência e muita dificuldade de criar produtos diferentes entre as empresas, o marketing aparece como um diferencial muito grande entre as casas para atrair e reter o usuário.
O problema começa quando esse marketing é utilizado de forma antiética e sem seguir os critérios claros da CONAR em seu Guia com Regras sobre a propaganda do setor de iGaming.
A seguir, explicamos os dois principais modelos de marketing feitos por casas de apostas e o posicionamento do CONAR a respeito.
Mercado de afiliados como forma de atrair usuários
Nesse setor em específico, uma das formas de marketing mais utilizadas e de maior sucesso em conversão é o uso de programas de afiliados, transferindo a responsabilidade de atrair novos usuários para o site para os parceiros afiliados, e estes recebendo uma compensação financeira, que pode ser por cadastro (CPA - custo por aquisição) ou uma participação nos lucros que a empresa obteve com aquele usuário cadastrado (Revenue Share).
Sendo dependente do marketing de afiliados, muitas vezes o trabalho de atrair novos usuários é terceirizado, sem vínculo empregatício direto com a casa de apostas, mas isso não diminui a responsabilidade da casa de apostas em ter controle sobre a forma de marketing utilizada pelos seus afiliados ao divulgar o seu produto.
Estratégias de marketing agressivo e ilusório
Utilizar de meios de simular riqueza ou sucesso financeiro alcançados por meio dos jogos online ou apostas esportivas é uma forma de marketing ilusório, que vai contra as diretrizes da CONAR e deve ser combatido.
“Esse tipo de marketing é prejudicial e leva as pessoas a enxergarem jogos de azar como investimentos, onde acabam colocando valores acima do que poderiam.”
Associar o jogo com artigos de luxo, carros importados ou dinheiro fácil é uma forma de fazer o consumidor acreditar que podem conseguir as mesmas coisas através da prática do jogo, iludindo-os com uma possibilidade de ascensão social que não acontecerá.
E sem deixar claro que, na realidade, os ganhos do influenciador se dão por via da publicidade, e não da prática do jogo, que deve sempre ser para o entretenimento e não para geração de renda.
A importância de um marketing ético
É fundamental que as casas façam treinamento especializado em Jogo Responsável para seus afiliados e mantenha fiscalização nas estratégias que estão sendo utilizadas para atrair novos usuários, sem transferir e terceirizar a culpa, reconhecendo a sua responsabilidade no processo.
A única maneira do setor ter um crescimento sustentável é através de uma prática ética do marketing, sem ilusões, sem mentiras e sem criar expectativas de riqueza para as pessoas.
Aposta é entretenimento
Os jogos não servem para geração de renda, e sim para diversão, e essa mensagem deve ficar clara para todos os envolvidos.
Faz parte, também, de um marketing ético a sinalização de publicidade nas campanhas publicitárias realizadas pelos influenciadores, para deixar claro para o público que aquele anúncio é motivado por um acordo comercial e com interesse financeiro, e não apenas uma “boa vontade” do influenciador.
O marketing de influência das bets é hoje, no Brasil, uma das principais formas de propaganda, com taxas de conversão altas pela sensação de proximidade do influenciador e seu público, criando um laço de confiança, porém é necessário ter fiscalização e cuidado em até que ponto o que é recomendado é uma recomendação pessoal ou com motivações comerciais.
O marketing pode ser parceiro do Jogo Responsável
O marketing pode ser um aliado das casas de apostas para atrair novos usuários para jogar na sua plataforma, mas é preciso entender a responsabilidade que a publicidade carrega em um mercado tão sensível e que mexe diretamente valores financeiros, sem fazer falsas promessas, garantir lucros ou apresentar os jogos como fonte de renda.
Além disso, é importante deixar claro que a recomendação de uma casa de apostas é feita por interesse comercial do influenciador e não uma recomendação pessoal, deixando seus seguidores informados de forma transparente sobre o produto que lhes é apresentado.
As casas de apostas também não podem se esquivar da responsabilidade, jogando a culpa pelo marketing antiético para os influenciadores e afiliados.
É de responsabilidade da casa identificar os conteúdos e programas de publicidade utilizados por seus afiliados, fornecer informações e treinamentos de Jogo Responsável seguindo as definições da portaria para seus parceiros e combater o uso do marketing agressivo e ilusório, seguindo sempre as recomendações claras da CONAR.
Se queremos um setor respeitado, é fundamental que se controle a publicidade, a modo de deixar claros os riscos, tanto econômicos quanto para saúde mental, que a prática do jogo pode trazer, deixando que o consumidor faça sua decisão consciente e racional, sem ser levado por gatilhos de venda ou ilusões de controle e ascensão social.