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Formar atletas em Jogo Responsável é demanda urgente
As apostas esportivas estão cada vez mais presentes no ambiente dos atletas. E não se trata apenas dos patrocínios estampados nos estádios ou em redes sociais: a aposta passou a fazer parte da cultura esportiva.
Mesmo proibidos de apostar em suas modalidades, atletas têm encontrado formas de se envolver com o jogo, muitas vezes por meio de plataformas clandestinas ou de contas de terceiros.
A realidade é que a proibição, por si só, não protege. Pelo contrário: quando não acompanhada de formação e conscientização, abre espaço para o silenciamento, para o jogo escondido e para o aumento do risco de comportamento compulsivo.
Competição, acesso ao dinheiro e adrenalina: o terreno perfeito
O perfil de atletas de alto rendimento é, por natureza, mais vulnerável ao desenvolvimento da ludopatia.
Pessoas competitivas, treinadas para lidar com vitória e derrota, submetidas à pressão e ao rendimento constante, tendem a encontrar no jogo uma extensão emocional do campo esportivo.
E quando somamos isso ao acesso precoce ao dinheiro, ao status social e à busca por estímulos intensos, temos um terreno bastante fértil ao comportamento de risco.
Em março de 2025, o atacante Dodô, revelado como uma das grandes promessas do futebol brasileiro, declarou à imprensa que perdeu quase R$ 1 milhão em apostas esportivas. "Hoje eu tenho R$ 3 na conta", afirmou.
Dodô não é exceção. É só mais um exemplo de como o jogo descontrolado pode atravessar carreiras, destruir sonhos e afetar profundamente a saúde mental de jovens atletas que, em tese, "tinham tudo para dar certo".
O que faltou? Faltou rede de apoio, informação e acolhimento.
Para além da integridade esportiva
Quando se fala sobre apostas no esporte, é comum que o foco recaia exclusivamente sobre a integridade das competições. De fato, impedir manipulação de resultados é essencial — mas não é tudo.
Atletas são seres humanos antes de serem profissionais. Estão expostos às mesmas tentações que qualquer outra pessoa e, muitas vezes, em contextos de maior pressão e mais acesso.
Falar sobre Jogo Responsável com atletas não é dar autorização para que apostem, mas sim reconhecer que o risco existe e que se não for discutido de forma aberta e responsável, pode crescer silenciosamente. A proibição segue sendo necessária, mas ela não substitui a educação.
A abordagem preventiva com atletas precisa ser clara: reconhecer o risco não é legitimar a conduta, é criar um caminho para que ela seja evitada. É oferecer ferramentas para que o atleta, mesmo após o fim da carreira, possa lidar com o universo das apostas de forma crítica e consciente.
Formação, orientação e acolhimento são parte da proteção ética do esporte — e não podem se limitar ao que acontece dentro das quatro linhas.
Uma nova pauta para clubes, confederações e treinadores
Clínicas de prevenção, rodas de conversa, cartilhas educativas, palestras sobre Jogo Responsável e acesso a apoio psicológico devem fazer parte da rotina dos clubes de base e de alto rendimento.

“Formar atletas é mais do que treinar fundamentos: É preparar seres humanos para lidar com vitórias, derrotas e tentações.”
O jogo está presente. O que falta, ainda, é preparo e coragem institucional para enfrentar o problema de frente.