Dia Internacional do Jogo Responsável: Onde o Brasil se encontra e pra onde devemos caminhar?
No dia 17 de fevereiro, celebramos o Dia Internacional do Jogo Responsável, uma data fundamental para reforçar a importância da segurança e do bem-estar dos jogadores no setor de apostas esportivas.
Em um momento de transformação regulatória no Brasil, essa discussão se torna ainda mais relevante, pois estamos diante da oportunidade de construir um mercado de apostas mais seguro e sustentável.
Entendendo o que é o Jogo Responsável
O jogo responsável vai muito além de simples alertas sobre os riscos do jogo. Ele envolve um conjunto de práticas que protegem os jogadores, previnem danos e garantem que a indústria funcione de maneira ética.
Isso inclui desde limites de tempo e dinheiro até ferramentas como autoexclusão e suporte para quem enfrenta dificuldades.
Com a recente regulamentação das apostas esportivas e jogos online no Brasil, esse tema ganhou mais força, exigindo que empresas operem com diretrizes claras para proteger seus usuários.
O compromisso com o jogo responsável não beneficia apenas os jogadores, mas também fortalece a credibilidade do mercado, afastando operadores mal-intencionados e promovendo um ambiente de entretenimento mais saudável.
O avanço do Brasil no Jogo Responsável
Nos últimos anos, o Brasil tem dado passos importantes para implementar políticas de jogo responsável.
Alguns avanços notáveis incluem:
- Regulamentação das apostas esportivas e cassinos online, estabelecendo regras claras para operadores e diretrizes de proteção ao jogador
- Exigência de verificação de identidade para prevenir fraudes e acesso de menores de idade
- Criação do Grupo de Trabalho Interministerial do Jogo Responsável para facilitar o contato entre o regulador e a sociedade civil
Esses são pontos importantes, mas ainda há muito o que ser feito.
O que falta para o Brasil se destacar no Jogo Responsável
Se compararmos com mercados como o Reino Unido, Austrália e Espanha, onde há políticas maduras de jogo responsável, percebemos que ainda precisamos avançar em algumas áreas fundamentais:
Política Nacional de Autoexclusão
Diferentemente de países como a Inglaterra, onde há um banco de autoexclusão integrado (GAMSTOP), o Brasil ainda não conta com um sistema unificado para que jogadores possam se autoexcluir de todas as plataformas licenciadas de uma só vez.
Monitoramento do comportamento do jogador
Ferramentas de inteligência artificial já são usadas em outros países para detectar sinais de jogo problemático e intervir precocemente.
É preciso criar critérios mais práticos e uniformes sobre o que é comportamento compulsivo de apostas, tirando a liberdade de cada operador definir o que é um comportamento que pode causar danos para o usuário, criando assim uma visão unificada do que é a compulsão e a dependência em jogos.
Maior fiscalização
É essencial garantir que operadores sigam as diretrizes estabelecidas na regulamentação, aplicando sanções rigorosas para quem não cumprir as regras.
Educação sobre Jogo Responsável desde o início
Apostadores iniciantes muitas vezes entram no jogo sem entender os riscos envolvidos. Estratégias educativas precisam ser aplicadas de forma mais ampla, inclusive com mensagens dentro das plataformas de apostas, desde o primeiro contato do jogador com a plataforma.
Mais acesso a tratamento especializado
Embora existam iniciativas focadas no tema, como o trabalho da APAJ (Associação de Proteção e Apoio aos Jogador), o Brasil precisa de políticas públicas que garantam acesso gratuito ao tratamento do transtorno do jogo.
O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ainda não conta com a estrutura e profissionais capacitados para atender a demanda nacional sobre Transtorno do Jogo.

“Além disso, infelizmente, no Brasil, o tratamento ainda é completamente dependente de instituições privadas sem fins lucrativos.”
A construção de um futuro mais seguro
O Dia Internacional do Jogo Responsável é um lembrete de que o jogo deve ser um entretenimento seguro e controlado.
O Brasil está avançando na regulamentação, mas para alcançar o nível dos países mais desenvolvidos nesse tema, é essencial que governos, operadores e sociedade trabalhem juntos.
Com uma política robusta de jogo responsável, podemos criar um ambiente que proteja os jogadores sem sufocar o setor, garantindo que o entretenimento e a segurança caminhem lado a lado.