Setembro Amarelo e o Transtorno do Jogo: reflexões necessárias
Durante o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, é fundamental destacar a relação entre o Transtorno do Jogo (também conhecido como ludopatia) e questões de saúde mental. Mas o tema segue pertinente ao longo de todo o ano.
Muitas pessoas que enfrentam esse transtorno experimentam altos níveis de ansiedade, depressão e, em alguns casos, pensamentos suicidas.
Grupos de apoio, como o SOS Jogador e Jogadores Anônimos, frequentemente recebem histórias de pessoas que enfrentam esses desafios. Internacionalmente, pesquisas mostram que o Transtorno do Jogo está associado a uma taxa elevada de ideação e tentativas de suicídio, principalmente devido a fatores como endividamento e rompimento dos vinculos familiares.
Estudos apontam relação preocupante
A literatura científica indica que o Transtorno do Jogo apresenta a maior taxa de tentativa de suicídio entre os transtornos de dependência, superando condições como alcoolismo e dependência de opioides (Ronzitti et al., 2017).
Um estudo realizado com jogadores em tratamento revelou que 49% dos participantes com Transtorno do jogo já haviam considerado o suicídio, comparado a 17% de pessoas com transtornos relacionados ao álcool (Wong et al., 2010).
No Reino Unido, um estudo realizado pela GambleAware relevou que aproximadamente 5% de todos os suicídios no país estavam relacionados ao Transtorno do Jogo, um muito alto considerando a prevalência relativamente baixa do transtorno na população, e que pessoas com Transtorno do Jogo têm entre 15% e 19% mais chances de relatar ideação suicida em comparação a população geral (Wardle et al., 2019)
Um fator que contribui para essa realidade é a falta de informação sobre o Transtorno do Jogo como uma doença, e não apenas como uma “falta de força de vontade”.
“Esse estigma impede que muitas pessoas busquem ajuda, sentindo vergonha de admitir o problema para si mesmas e para suas famílias. ”
Muitas vezes, os jogadores tentam resolver a situação sozinhos, o que pode agravar ainda mais o ciclo de dívidas e sofrimento emocional.
Difundir informações corretas sobre o Transtorno do Jogo é um passo essencial para reduzir o estigma e incentivar quem sofre com esse problema a procurar apoio.
Compreender que se trata de uma doença que afeta o sistema nervoso central e altera seus pensamentos e seus comportamentos pode ajudar tanto os jogadores quanto suas famílias a verem a recuperação como algo possível, desde que aceitem e busquem ajuda especializada.
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