Setembro Amarelo e o Transtorno do Jogo: reflexões necessárias

Atualizado: 30 Set 2024
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Rafael Ávila

Sobre o autor

Rafael Ávila é Psicólogo com especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), com vasta experiência no mercado de iGaming e Apostas Esportivas. Trabalha na área das Apostas Esportivas há mais de 4 anos, carregando experiências como apostador e coLeia mais
Psicólogo especializado em Jogo Responsável

Durante o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, é fundamental destacar a relação entre o Transtorno do Jogo (também conhecido como ludopatia) e questões de saúde mental. Mas o tema segue pertinente ao longo de todo o ano.

Muitas pessoas que enfrentam esse transtorno experimentam altos níveis de ansiedade, depressão e, em alguns casos, pensamentos suicidas.

Grupos de apoio, como o SOS Jogador e Jogadores Anônimos, frequentemente recebem histórias de pessoas que enfrentam esses desafios. Internacionalmente, pesquisas mostram que o Transtorno do Jogo está associado a uma taxa elevada de ideação e tentativas de suicídio, principalmente devido a fatores como endividamento e rompimento dos vinculos familiares.

Estudos apontam relação preocupante

A literatura científica indica que o Transtorno do Jogo apresenta a maior taxa de tentativa de suicídio entre os transtornos de dependência, superando condições como alcoolismo e dependência de opioides (Ronzitti et al., 2017).

Um estudo realizado com jogadores em tratamento revelou que 49% dos participantes com Transtorno do jogo já haviam considerado o suicídio, comparado a 17% de pessoas com transtornos relacionados ao álcool (Wong et al., 2010).

No Reino Unido, um estudo realizado pela GambleAware relevou que aproximadamente 5% de todos os suicídios no país estavam relacionados ao Transtorno do Jogo, um muito alto considerando a prevalência relativamente baixa do transtorno na população, e que pessoas com Transtorno do Jogo têm entre 15% e 19% mais chances de relatar ideação suicida em comparação a população geral (Wardle et al., 2019)

Um fator que contribui para essa realidade é a falta de informação sobre o Transtorno do Jogo como uma doença, e não apenas como uma “falta de força de vontade”.

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Esse estigma impede que muitas pessoas busquem ajuda, sentindo vergonha de admitir o problema para si mesmas e para suas famílias. 
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Rafael Ávila

Psicólogo especializado em Jogo Responsável

Muitas vezes, os jogadores tentam resolver a situação sozinhos, o que pode agravar ainda mais o ciclo de dívidas e sofrimento emocional.

Difundir informações corretas sobre o Transtorno do Jogo é um passo essencial para reduzir o estigma e incentivar quem sofre com esse problema a procurar apoio.

Compreender que se trata de uma doença que afeta o sistema nervoso central e altera seus pensamentos e seus comportamentos pode ajudar tanto os jogadores quanto suas famílias a verem a recuperação como algo possível, desde que aceitem e busquem ajuda especializada.

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