Casas de apostas regulamentadas não poderão oferecer bônus de boas-vindas

Atualizado: 22 Abril 2024
heloisa vasconcelos.webp

Escrito por:

Heloísa Vasconcelos

Sobre o autor

Investigo dados e fatos sobre legislação e tendências para criar notícias exclusivas.Leia mais
Jornalista
proibição  bonus casa de apostas.jpg

Foto: Agência Brasil

As casas de apostas que pretendem se regulamentar no Brasil não poderão oferecer os chamados “bônus de entrada ou de boas-vindas” para atrair jogadores.

A Lei nº 14.790, que regulamenta o setor, já previa a vedação de "conceder, sob qualquer forma, adiantamento, antecipação, bonificação ou vantagem prévia, ainda que a mero título de promoção, de divulgação ou de propaganda, para a realização de apostas", mas a proibição foi reforçada pela portaria publicada na última quinta-feira (19).

Em nota enviada ao Aposta Legal Brasil, o Ministério da Fazenda esclareceu o alcance do dispositivo, que era interpretado com temor por alguns nomes do mercado.

"Quanto ao alcance do dispositivo, entende-se que ficam vedados os chamados “bônus de entrada ou de boas-vindas”, que são vantagens financeiras oferecidas pelas empresas de apostas com o objetivo de atrair novos apostadores. Um exemplo dessas vantagens prévias são os bônus sob a forma de créditos para a realização de apostas concedidos aos novos clientes cadastrados", explicitou.

A prática hoje é amplamente utilizada pelas casas de apostas que atuam no Brasil, sendo uma estratégia comercial importante para as empresas.

Proibição de bônus

Conforme a nota do Ministério da Fazenda, essa vedação se aplica aos futuros agentes operadores que obtiverem autorização do Ministério da Fazenda para exploração da loteria de apostas de quota fixa.

Para o sócio do escritório Barcellos Tucunduva Advogados (BTLAW), especialista em Meios de Pagamento em Apostas Esportivas, Giancarllo Melito, a proibição era previsível devido à própria lei não permitir a concessão de crédito.

"Vai afetar bastante a estratégia das casas de apostas. O conceito da lei é tirar esse tipo de incentivo, que faça com que o apostador realize a aposta em caráter impulsivo. Vai nessa linha de primar pelo jogo consciente", diz.

quoteIcon
As empresas vão ter que rever as estratégias de marketing, vão ter que pensar em outras formas para trazer esse cliente, que não seja dando crédito ou bônus.
giancarllo melito.jpg

Giancarllo Melito

Especialista em meios de pagamento em apostas esportivas

De acordo com o Ministério da Fazenda, a proibição de bônus se estende a qualquer tipo de vantagem prévia, incluindo ganhos não monetários, como rodadas ou jogos grátis. Quanto à extensão da proibição para outros tipos de bônus, o Ministério afirma que irá avaliar os possíveis impactos sobre a migração de apostadores ao mercado ilegal.

"O combate ao mercado ilegal é uma das diretrizes estabelecidas pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF), sendo requisito para a instituição de todo o arcabouço legal e regulamentar do setor de apostas de quota fixa. Portanto, eventual ampliação da vedação à oferta de bônus aos apostadores levará em conta os potenciais efeitos sobre a taxa de canalização do mercado", destaca.

Mercado ilegal

O advogado especialista em esportes e apostas no escritório Bichara e Motta, Udo Seckelmann, se preocupa que a medida faça com que apostadores migrem para o mercado ilegal, onde as empresas continuarão cedendo bônus.

quoteIcon
A partir do momento que você proíbe uma empresa com licença de oferecer bônus, isso atrai o apostador para o mercado não licenciado.
udo.png

Udo Seckelmann

Advogado especialista em esportes e apostas no escritório Bichara e Motta

Ele ressalta que nada impede os operadores de cederem outros tipos de bônus como estratégia de marketing, uma vez que o apostador já seja cliente da casa de apostas. Contudo, essa condição torna o mercado menos vantajoso para players que irão entrar agora no Brasil.

"A gente tem um mercado que já está operante há alguns anos. Vários operadores que se beneficiaram desse mercado, já estão com market share elevado. Acaba sendo uma desvantagem para os operadores de fora. Acaba sendo mais um ônus que o operador licenciado no Brasil vai ter, isso eu acho que é uma medida equivocada", coloca.

Como nós avaliamos este artigo

Comentários

Deixe o seu comentário

Veja o que outros usuários dizem

Ainda sem comentários

Artigos relacionados

symbolLogoGreen
apostas cartão de crédito.jpg
Apr 18, 2024
Atenção!
Apostas com cartão de crédito não serão permitidas; confira regras de pagamento

Portaria do Ministério da Fazenda traz regras gerais para as transações financeiras realizadas entre as casas de apostas e apostadores.

Legislação
symbolLogoGreen
licença federal estadual.jpg
Apr 16, 2024
Licença estadual ou federal? Entenda o embate entre as duas esferas na regulamentação das apostas

Enquanto a previsão do Ministério da Fazenda é oferecer autorização para casas de apostas até o final deste mês, alguns estados já possuem empresas licenciadas.

Legislação
symbolLogoGreen
cbf.jpg
Apr 22, 2024
Regulamento da CBF trata de manipulação de resultados e patrocínios de bets

Documento determina que somente casas de apostas habilitadas pelo Ministério da Fazenda poderão exibir suas marcas, inclusive nos uniformes dos times. Regulamento também proíbe que atletas apostem em eventos que podem ter influência.

Legislação
symbolLogoGreen
ministerio-da-fazenda-758x505-1 (1).jpg
Apr 10, 2024
Ministério da Fazenda define agenda regulatória para as apostas esportivas; confira datas

Portaria publicada nesta quarta-feira (10) define a política regulatória da Secretaria de Prêmios e Apostas e define prazos para a publicação das demais regras para o setor de apostas e jogos online.

Legislação
symbolLogoGreen
sites bet.jpg
Apr 04, 2024
Atenção!
Sites de apostas podem ter domínio .bet no Brasil; entenda

O domínio .bet aparecerá antes do .br nas URLs dos sites de apostas e será utilizado apenas pelas casas autorizadas pelo Ministério da Fazenda a atuar no Brasil.

Legislação
symbolLogoGreen
marco dos games aprovado
Mar 18, 2024
Marco legal dos games é aprovado; jogos Fantasy ficam de fora

O Senado aprovou o Marco Geral dos Games, projeto de lei que regulamenta a indústria de jogos eletrônicos no Brasil. Jogos de aposta, como Fantasy Games, não entraram no documento.

Legislação