Especialista em Jogo Responsável do Aposta Legal critica omissão do governo em políticas contra ludopatia
Com a regulamentação certa para 2025, vemos constantemente a manifestação de diversos agentes públicos, como os vinculados à Secretaria de Apostas e Prêmios, o Ministério do Turismo, o Ministério do Esporte e, principalmente, o Ministério da Fazenda.
Mas ainda não tivemos a manifestação e as expectativas de uma área muito importante quando se fala em um mercado regulamentado de jogos de azar: o Ministério da Saúde e as políticas públicas de saúde mental que estão previstas para proteger os usuários que possam desenvolver o Transtorno do Jogo e aumentar a demanda por serviços do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
A falta de articulação e movimentação do Ministério da Saúde preocupa por não parecer que entendem a problemática que existe hoje no país, com grande procura por tratamentos da dependência no jogo e, até, a procura de auxílios da assistência social por parte daqueles que se encontram desempregados e superendividados por dívidas decorrentes da prática.
Para termos um mercado de sucesso, sustentável e com benefícios para a sociedade, é preciso reconhecer que, junto com o maior acesso às plataformas que oferecem jogos de azar, teremos também um aumento da dependência e da busca por tratamento especializado.
“Uma regulamentação de sucesso depende de uma articulação bem-sucedida por parte da área da saúde pública.”
Para isso, deve haver a oferta de treinamentos capacitantes, políticas públicas específicas para esse setor, informativos sobre quais sintomas devem ser observados, formas de tratamento, locais corretos para encaminhamento.
A falta de pronunciamento do Ministério da Saúde, principalmente se comparado com a movimentação de outros ministérios do poder público, pode colocar em xeque o futuro do mercado regulado no país.
Se os danos não forem previstos e cuidados de forma preventiva, poderemos ter, em pouco tempo, posturas mais rígidas com a indústria:
- Proibição de propagandas
- Regras de jogo responsável mais rígidas
- E, talvez, até a volta da proibição do setor
É preciso que o poder público entenda todas as nuances que a regulamentação da atividade do jogo traz, as modificações positivas e as negativas, para se preparar de forma efetiva para as mudanças que chegarão e para conseguir atender, com qualidade, a nova demanda que chegará nas portas do serviço público de saúde mental.
Não há como falar da prática regulamentada do jogo sem falar sobre o tratamento dos dependentes, as formas de prevenção e uma intervenção eficaz antes e depois do problema se instaurar na vida das pessoas.