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CONAR publica regras para casas de apostas e evidencia necessidade de regulamentação na publicidade
Apesar de ser um mercado ativo no país há algum tempo, com riscos como o desenvolvimento da dependência em jogos (ludopatia) e o superendividamento, algumas empresas continuam aproveitando a falta de regulamentação rigorosa do Governo Federal para cometer abusos e usar um marketing agressivo e enganoso.
Por desconhecimento ou má-fé, ainda vemos empresas tentando passar por cima das regras que a Lei 14.790/24 e a Portaria SPA/MF 1.231 trazem em relação ao jogo responsável e à publicidade responsável e que serão cobradas a partir de 1ª de janeiro de 2025.
O que essas empresas parecem ignorar é que o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) publicou ainda em janeiro de 2024 as regras que todas as agências de publicidade devem seguir em relação à propagandas e marketing de apostas esportivas e jogos de azar.
CONAR suspende campanhas
Em 8 de agosto, o Conselho de Ética do CONAR suspendeu duas campanhas publicitárias, evidenciando que a fiscalização da propaganda, junto com o cumprimento das diretrizes do jogo responsável, são compromissos que as empresas que desejam operar no país precisam adotar com urgência.
Uma das campanhas publicitárias foi realizada pela empresa EstrelaBet, uma das principais casas de apostas operantes no país, que trazia uma mensagem preocupante: “Conheça o Aviator da EstrelaBet: Diversão e lucro rápido e fácil”. A outra foi da Esportes da Sorte, que traz os dizeres: “Turbine sua renda extra”.
É lamentável que empresas desse porte, com experiência no mercado e com fundos para treinamentos de sua equipe de marketing, continuem fazendo conteúdos apelativos e ilusórios, contribuindo para o superendividamento e para o desenvolvimento da ludopatia.
“Esse tipo de marketing também reforça a imagem negativa que a população tem das casas de apostas, tratando-as como vilãs interessadas apenas no dinheiro da população.”
Não é possível se falar em desconhecimento da lei, porque o jogo responsável deveria ser mais do que uma regra e sim um valor dentro das empresas envolvidas com jogos de azar, reconhecendo os danos que esse tipo de marketing pode causar na vida dos usuários e atuando de forma a mitigar esses danos, e não aumentá-los.
A regulamentação se mostra importante e urgente para evitar que as empresas decidam por si só o que é jogo responsável e o tipo de publicidade que podem fazer.
O CONAR terá um grande trabalho pela frente para fiscalizar, principalmente na internet e nas redes sociais, as campanhas publicitárias, inclusive nesse período que antecede um mercado plenamente regulamentado.
As empresas também devem se questionar:
- Qual o papel que elas querem ter no mercado?
- Qual o custo do lucro?
- São operações sustentáveis através de um comportamento ético, ou dependem da agressividade e da ilusão de seus usuários para conseguir atingir seus objetivos e metas?
- Nossos operadores estão prontos para atuar nesse mercado?
- Os profissionais da indústria estão cientes dos riscos existentes na prática dos jogos?
- O marketing, os leads e as vendas estão acima de tudo?
Operadores e profissionais devem se posicionar como aliados dos usuários e do jogo responsável ou terão que lidar com o estigma negativo dos cassinos perante a sociedade e, talvez, correndo o risco de uma nova proibição por conta dos danos sociais que podem não estar sendo minimizados como podem.
O jogo responsável não é brincadeira nem demagogia: deve ser uma filosofia aplicada em todos os setores da empresa e, antes mesmo do início do jogo, essas empresas já furaram a bola.