Casas de apostas que oferecem criptomoedas avaliam proibição do meio de pagamento

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Heloísa Vasconcelos

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A publicação da Portaria Normativa SPA/MF Nº 615, do Ministério da Fazenda, proibiu que casas de apostas ofereçam aos apostadores no Brasil a possibilidade de pagamento por meio de crédito, boletos e criptomoedas.

Serão permitidas apenas as apostas realizadas com Pix, TED, cartão de débito ou pré-pago, e transferência nos próprios livros (book transfer). A decisão do governo federal foi recebida de formas divergentes por empresas do segmento.

Uma das casas que permitem aos usuários o pagamento com criptomoedas, a 1xBet não esperava a proibição desse meio no mercado brasileiro, segundo o gerente regional Eduardo Ferreira.

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Foi uma surpresa. [...] O fato é que a gente vai ter que se adaptar. Gostávamos de ter essa opção, sempre foi muito atraente e interessante para a 1xBet ter essa opção no portfólio. Agora é paciência. A gente vai ter que substituir e adequar ao que a normativa pede.
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Eduardo Ferreira

Gerente regional da 1xBet

Outra empresa que oferece criptomoedas como forma de pagamento aos seus clientes, a Winz.io acredita que a proibição não limitará seus próximos passos no Brasil, uma vez que o Pix tem sido a preferência de boa parte dos apostadores.

“No Brasil, o Pix é muito mais forte do que cripto. Achamos que a população ainda não entendeu muito bem como funciona com o cripto, porque ainda tem muita fraude no Brasil. Então, é difícil confiar. É difícil o pessoal entender como é feito o pagamento retirado pelo cripto. Achamos que o Pix ainda vai prevalecer durante muito tempo em cima das criptomoedas”, analisou o gerente regional Thiago Souto.

Brecha para o uso de cripto

Apesar da decisão do Ministério da Fazenda, uma das principais corretoras de criptomoedas do Brasil, a Foxbit, ainda enxerga uma brecha para o uso de ativos virtuais dentro do ambiente das plataformas de apostas.

"As casas de apostas poderiam ter compra e venda internamente para atender uma demanda do cliente, e se tornarem corretoras. Mas, para isso, precisariam de autorização do Banco Central", analisou o CEO da Foxbit, João Canhada.

O mercado aguarda uma manifestação do Banco Central para os próximos meses a respeito da regulamentação das criptomoedas. Há uma expectativa de que a proibição como meio de pagamento em casas de apostas possa ser revertida a partir disso.

“Acredito que ainda em 2024 a gente tenha a versão final dessa normativa do Banco Central. Isso vai dar muita clareza e, talvez, até mesmo seja o que falta para o regulador rever a relação de proibição, a questão das apostas com criptomoedas. Talvez a falta de um arcabouço claro, regulatório, é o que tenha inibido neste momento. Isso talvez possa ser modificado no médio prazo”, observou Canhada.

O CEO da Foxbit aponta “falta de entendimento” do Ministério da Fazenda sobre a dinâmica de criptomoedas.

“Não há quaisquer motivos técnicos e razoáveis para a proibição, é apenas um motivo político ou de falta de entendimento claro em relação à tecnologia”, opinou.

Combate à lavagem de dinheiro

Além de proibir o pagamento por meio de crédito e criptomoeda, a portaria publicada pela Fazenda veda a possibilidade de oferecer qualquer tipo de adiantamento aos apostadores. A realização da aposta somente será permitida depois da liquidação do pagamento feito pelo jogador.

A portaria define também um prazo de 120 minutos para que o dinheiro de prêmios resgatados esteja na conta do apostador e proíbe que as casas de apostas utilizem com qualquer finalidade o saldo em conta dos jogadores.

As empresas deverão manter uma reserva financeira no valor de R$ 5 milhões, para garantir que honrem com seus compromissos financeiros.

Assim como está proibido o pagamento das apostas por boletos e criptomoedas, a Fazenda veda o uso de:

  • Dinheiro em espécie;
  • Cheques;
  • Pagamentos ou transferências provenientes de conta que não tenha sido previamente cadastrada pelo apostador;
  • Pagamentos ou transferências provenientes de terceiros;
  • Cartões de crédito ou quaisquer outros instrumentos de pagamento pós-pagos; e
  • Qualquer outra alternativa de transferência eletrônica não prevista.

Somente instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central podem atuar como intermediárias nas transações de pagamento de apostas de quota fixa.

No mercado de apostas brasileiros, há loterias estaduais que oferecem meios próprios de pagamento, como a Lottopar, do Paraná. Com a licença de atuação no território paranaense, a apostou.com é uma das empresas que recorrem a essa alternativa para a intermediação do pagamento de seus usuários.

“A Lottopar tem um meio de pagamento, um sistema de gestão integrado, e a gente utiliza aquele sistema. Só pode Pix, só pode pagamento indireto, para poder evitar jogo a crédito”, destacou o CEO da apostou.com, João Mota.

Para ele, a proibição de meios de pagamento por crédito ajuda no combate a práticas ilegais no mercado de apostas.

“Tudo isso faz parte de uma política de prevenção à lavagem de dinheiro e uma política de jogo responsável. Então, era algo que, na minha opinião, o mercado já esperava que saísse dessa forma, até porque são as melhores práticas que o mundo hoje já utiliza, que é evitar jogo a crédito”, acrescentou.

Preocupação com o vício

A proibição de adiantamentos ao apostador já havia sido prevista pela Lei n° 14.790. O Ministério da Fazenda ratificou ainda que as casas de apostas estão proibidas de utilizar bônus de boas-vindas.

Ex-assessor especial da Fazenda, o advogado José Francisco Manssur acredita que as ações do ministério vão ao encontro da promoção de um jogo responsável, com foco em combater o vício de apostadores.

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Proibir cartão de crédito diminui a arrecadação, diminui a receita do operador, mas converge para preocupação social, para a gente não criar uma gama ainda maior de viciados.
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José Francisco Mansur

Ex-assessor especial da Fazenda

“E pior, para a gente não colocar por meio das apostas mais gente inadimplente. O governo está fazendo um grande esforço com o (programa) Desenrola, para tirar as pessoas do inadimplemento. As apostas colocam pessoas no índice de inadimplência. Acho que é muito coerente, respeita o que o Congresso decidiu, o que é fundamental. O Executivo tem essa obrigação e também mostra preocupação com o jogo responsável”, complementou.

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