Influenciadores e atletas podem ser banidos da publicidade de bets

Atualizado: 29 Mai 2025
1580467910557.jpg

Lucas Arraz

Sobre o autor

Analiso o mercado de apostas no Brasil com foco em dados e no avanço das regulamentações.Leia mais
Repórter de Dados
ana julia

Júlia Silva

Sobre o autor

Há 3 anos, garante que você receba dicas valiosas para entrar em campo preparado.Leia mais
Editora

O Senado aprovou na última terça-feira (28), na Comissão de Esporte, o Projeto de Lei 2.985/2023, que impõe duras restrições à publicidade de apostas esportivas de quota fixa — as chamadas bets.

O projeto proíbe que influenciadores, atletas e artistas participem de campanhas publicitárias que divulguem apostas e impõe regras rígidas de horário e formato para veiculação dos anúncios.

A proposta foi aprovada por unanimidade e agora será votada em plenário com urgência. Caso receba aval dos senadores, o texto segue para a Câmara dos Deputados antes de virar lei.

Associação critica proposta aprovada no Senado

O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) divulgou um manifesto criticando a proposta aprovada no Senado.

Para o instituto, as restrições dificultam a comunicação entre operadores legalizados e consumidores, favorecendo a atuação de plataformas ilegais.

quoteIcon
Essas restrições expõem o apostador ainda mais ao mercado ilegal, que já representa cerca de metade do mercado, sem controle, sem garantias e sem retorno à sociedade
1679065224215.jpeg

Instituto Brasileiro de Jogo Responsável

Manifesto critíca projeto de lei aprovado no Senado

A entidade também lembra que o Brasil já conta com um marco regulatório em construção — com a Lei 14.790/23, a Portaria nº 1.231/24 da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) e o Código de Autorregulação do CONAR — e defende que a publicidade legal é um instrumento de orientação e proteção ao consumidor.

O que será proibido?

Se aprovado pelo Congresso, o projeto estabelece a proibição das seguintes práticas:

  • Publicidade de bets durante a transmissão ao vivo de eventos esportivos;
  • Exibição de cotações (odds) dinâmicas em tempo real fora das plataformas próprias das operadoras;
  • Anúncios impressos e impulsionamentos fora dos horários autorizados;
  • Participação de atletas, ex-atletas (com menos de 5 anos de aposentadoria), artistas, comunicadores, influenciadores e autoridades em peças publicitárias;
  • Patrocínio direto ou indireto a árbitros e membros de arbitragem;
  • Apresentação de apostas como forma de sucesso, fonte de renda, alternativa a emprego ou investimento financeiro;
  • Uso de personagens, animações ou recursos de inteligência artificial voltados ao público infantojuvenil;
  • Mensagens sem consentimento prévio do usuário;
  • Conteúdo sexista, misógino ou discriminatório;
  • Publicidade estática ou eletrônica em estádios e praças esportivas, com exceções previstas.

A proposta também prevê que veículos e plataformas digitais que se recusarem a remover anúncios irregulares, mesmo após notificação do Ministério da Fazenda, poderão ser responsabilizados solidariamente pelo conteúdo veiculado — incluindo provedores de internet, redes sociais e sites de streaming.

O que será permitido

A proposta mantém a possibilidade de veiculação de publicidade para bets em formatos e horários restritos:

  • TV aberta, por assinatura, redes sociais e internet: entre 19h30 e 24h;
  • Rádio: entre 9h e 11h e das 17h às 19h30;
  • Transmissões esportivas: nos 15 minutos antes e depois do evento;
  • Sites e apps das operadoras ou de patrocinados, desde que o acesso seja voluntário;
  • Marcas em chamadas de transmissões (entre 21h e 6h), sem convite ao jogo nem menção a bônus ou odds;
  • Publicidade em redes sociais para maiores de 18 anos autenticados, com opção clara de descadastramento.

Durante a tramitação, o texto foi alterado para atender a parte das preocupações dos clubes de futebol, que temiam prejuízos com a proibição ampla de exposição de marcas em estádios.

O projeto permite que casas de apostas exibam sua marca em estádios e uniformes somente quando forem patrocinadoras oficiais do evento ou do time em campo — com o limite de um anunciante por equipe.

Além do PL 2.985/2023, tramita no Senado o Projeto de Lei 3.405/2023, de autoria do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que propõe uma proibição ainda mais rígida à publicidade de apostas esportivas.

Girão votou a favor do substitutivo aprovado, mas reiterou que prefere o banimento total da propaganda de bets. O avanço simultâneo dos dois projetos mostra que o cerco legislativo ao setor deve continuar nos próximos meses.

Artigos relacionados

betmgm-brasil.jpg
26 Ago, 2025
BetMGM toma atitude contra manipulação de futebol no Brasil

A BetMGM no Brasil firmou acordo com a Sportradar para integrar o programa global Integrity Exchange.

Legislação
haddad_usp_09_0.jpg
24 Jul, 2025
Brasil pode voltar a proibir bets, diz Haddad

O ministro da Fazenda afirmou que, se dependesse exclusivamente dele, as apostas esportivas online seriam proibidas no Brasil

Legislação
symbolLogoGreen
fernando haddad
12 Jun, 2025
Aumento de impostos nas bets preocupa setor e pode favorecer jogo ilegal, dizem entidades

Associações criticam aumento de imposto de 12% para 18% nas bets e alertam para risco de avanço do jogo ilegal no Brasil. Saiba o que está em jogo.

Mercado
Legislação
tutores_com_caes_no_parcao_espaco_exclusivo_para_cachorros_na_praca_ayrton_senna_do_brasil_rvsa_abr_103020210151-1.jpg
Bets podem financiar proteção de animais no Brasil

Projeto de lei quer 2% da arrecadação das casas de apostas para financiamento de proteção de animais

Legislação
7373a8d9a32efe5c60410d91d4c2980a.jpg
8 Mai, 2025
Por que Virginia Fonseca irá depor na CPI das Bets?

A influenciadora Virginia Fonseca foi convocada para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets.

Legislação
1736189603-bet365-web-brasil.jpg
7 Mai, 2025
Atenção!
Após aposta de R$10 render R$1.430, Bet365 bloqueia conta e é condenada

Justiça obriga Bet365 a reativar conta de apostador bloqueada após lucro de R$1.430 com aposta de R$10. Cláusula de bloqueio foi considerada abusiva.

Legislação