O impacto do mando de campo no futebol
É indiscutível que jogar no próprio estádio é diferente e altera o placar. Não parecer existir motivos exatos ou muito objetivos para isso, mas sem dúvidas o emocional é altamente influenciado.
Não por acaso, decidir um jogo decisivo ou de mata-mata com mando de campo é considerado uma vantagem competitiva e, inclusive, em muitas ocasiões é realizado um sorteio para definir onde será o segundo jogo decisivo.
Em alguns campeonatos que possuem pelo menos duas fases, os clubes com melhor desempenho na primeira fase (geralmente de pontos corridos) possuem a vantagem de realizar o segundo jogo no próprio estádio.
Para entender qual a influência no resultado ao jogar com o mando a favor, analisamos quase 1 milhão de jogos de futebol dos últimos dez anos em 167 países diferentes.
E o primeiro resultado não é surpreendente. De forma geral, o time mandante venceu em 42% dos jogos, enquanto os empates ocorreram em 28,5% das ocasiões, e as vitórias dos visitantes representaram um valor bem parecido, de 29,5%.
Essa tendência sugere uma vantagem significativa para as equipes que jogam em seus próprios estádios.
Essa tendência sugere uma vantagem significativa para as equipes que jogam em seus próprios estádios.
São vários fatores que podem interferir nessa vantagem, como familiaridade com o campo, apoio psicológico da torcida e até a influência de viagens longas e cansativas sobre os times visitantes.
Variação entre países
Essa vantagem varia substancialmente entre diferentes países. Por exemplo, na Guatemala, os times da casa têm uma taxa de vitória impressionante de 66% em comparação com apenas 24% para os visitantes.
Da mesma forma, na Argélia, a taxa é de 61% para os mandantes contra 29% para os visitantes. No Brasil a diferença também é bastante alta: os times mandantes ganham 54% dos jogos, enquanto os visitantes vencem 36% das vezes.
Dica: Aposte no mandante no mercado 1x2
De forma geral, os “donos do campo” venceram em 54% dos jogos no Brasil. Há, ainda, a vantagem para equipes que jogam nos próprios estádios!
Na Dinamarca, país com menor disparidade, o fator casa tem pouca influência, com uma diferença mínima de 48% para 44% a favor dos times da casa.
Essas variações podem refletir diferenças culturais, climáticas e até a qualidade das infraestruturas dos estádios, que podem influenciar o desempenho das equipes.
Entre as top-5 ligas europeias, a Espanha apresenta a maior disparidade, com 52% de vitórias para os times da casa contra 37% para os visitantes. Em contraste, a Alemanha mostra o cenário mais equilibrado, com 49% de vitórias em casa contra 40% para os visitantes.
Ao analisar a distribuição dos resultados por país, observa-se que, na Guatemala, os clubes da casa ganharam 58% dos jogos, empataram 27% e perderam apenas 15%.
Na Bélgica, houve o maior percentual de empates (36%), enquanto na Austrália, os times visitantes ganharam em 37% das ocasiões, o maior percentual entre os países analisados.
Evolução ao longo das temporadas
As estatísticas ao longo das temporadas mostram uma tendência decrescente na vantagem do time da casa, indicando uma evolução no equilíbrio do jogo. O gráfico a seguir mostra o quanto a probabilidade de vitória aumenta ao jogar em casa.
Em 2013, a diferença percentual era de 42%, caindo para 29% em 2023. A diminuição progressiva na vantagem do time da casa pode indicar uma evolução nas estratégias dos times visitantes.
Pode ser reflexo de uma melhor preparação física e tática para enfrentar as dificuldades de jogar fora de casa. Isso também pode indicar uma melhoria na infraestrutura dos estádios, tornando as condições de jogo mais uniformes entre os diferentes locais.
Clubes
Alguns clubes apresentam disparidades notáveis em seus desempenhos em casa e fora. O Katsina United, da Nigéria, teve um aproveitamento de 76% em casa contra apenas 10% fora e foi o clube que apresentou a maior diferença entre os aproveitamentos.
Quando filtramos apenas as cinco ligas europeias mais importantes (La Liga, Serie A, Bundesliga, Premier League e Ligue 1), a gigante Juventus, da Itália, foi o clube com maior vantagem quando joga em seus domínios: 84% de aproveitamento em casa e 54% fora de casa.
Dica: Aposte em times com bom histórico de vencer em casa
A Juventus tem 84% de aproveitamento. Nomes como Arsenal e Tottenham também apareceram entre os 25 clubes com maior disparidade em jogos dentro e fora de casa. A torcida é bem importante!
Outros grandes clubes, como os rivais Arsenal e Tottenham, também aparecem entre os 25 clubes com maior diferença, destacando a importância de jogarem com o apoio de suas torcidas.
Apenas 3% dos clubes analisados possuem um melhor desempenho fora de casa do que no próprio estádio, mas a diferença geralmente é bem pequena. O gráfico abaixo mostra apenas os clubes das top-5 ligas europeias.
Metz, Werder Bremen, Burnley e FC Koln foram os únicos clubes com melhor aproveitamento jogando longe de seu estádio. Grandes clubes, como Bayern de Munique, PSG, Chelsea e Real Madrid mostraram ter uma diferença pequena de aproveitamento entre jogar em casa ou fora (no caso desses clubes, ambos os aproveitamentos são elevados, o que indica alta qualidade técnica).
Fica a dica: quando a qualidade técnica for alta, aposte no mercado de gols! Alguns times terão um aproveitamento similar dentro e fora de casa. Isso indica uma alta qualidade técnica, como é o caso do Bayern de Munique, PSG, Chelsea e Real Madrid.
Análises estatísticas apontam que quase não houve diferença entre o aproveitamento nos dois ambientes. O mercado de gols pode ser uma boa alternativa!
A influência dos árbitros
Os árbitros também parecem desempenhar um papel na dinâmica do jogo. Por exemplo, quando o tunisiano Sadok Selmi apita, o time da casa tem um aproveitamento de 70%, em comparação a apenas 19% para o visitante.
Já com o italiano Francesco Carrione, o aproveitamento do time visitante é de 58%, enquanto o do time da casa é de 33%. De forma geral, apenas 15% dos árbitros possuem um aproveitamento do time visitante maior que o do time mandante.
A pressão exercida pela torcida local pode inconscientemente influenciar as decisões dos árbitros, favorecendo o time da casa. Entretanto, esta é uma área que pode merecer uma investigação mais aprofundada, considerando as implicações éticas e a integridade do esporte.
Conclusão
Esta análise revela que, embora alguns países e clubes exibam uma vantagem clara para as equipes da casa, outros apresentam um equilíbrio maior, desafiando a ideia de que jogar em casa é sempre uma vantagem significativa.
Fatores como qualidade da equipe, estratégias de jogo e influência dos árbitros podem ser tão impactantes quanto o local do jogo.
Além disso, o exame deste fenômeno destaca que o futebol transcende habilidades e táticas, sendo afetado por elementos psicológicos, culturais e ambientais.
Reconhecer essa interação entre diversos elementos pode não só enriquecer a compreensão do jogo, mas também fornecer estratégias para treinadores e jogadores maximizarem suas chances de sucesso, independentemente do local de jogo.