Papa brasileiro? Bets indicam chances remotas, mas não nulas
Nas próximas semanas, 120 cardeais com menos de 80 anos se reunirão em Roma para eleger o próximo Papa. Longe das capelas e dos votos secretos, há um outro ritual que já começou: as apostas.
E, segundo os dados das principais casas europeias, o mundo não aposta — pelo menos por enquanto — na escolha de um Papa brasileiro.
Apostar em quem será o próximo Papa é proibido no Brasil, pois a legislação só permite apostas em eventos esportivos.
O Brasil tem uma das maiores comunidades católicas do planeta e conta com oito cardeais vivos. Destes, sete estão abaixo dos 80 anos e poderão votar.
O único excluído é Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, com 88 anos.
A presença brasileira no conclave é garantida, mas a expectativa internacional em relação ao protagonismo do país na escolha do sucessor de Francisco é baixa.

Chances remotas: o que dizem as odds
Apesar da representatividade brasileira no conclave, os números das apostas mostram que a possibilidade de um Papa brasileiro ainda é vista como distante.
Dom João Braz de Aviz, que já ocupou cargo de destaque na Cúria Romana, aparece com odds entre 36.0 e 51.0, o que representa uma chance implícita de até 2,8%.
Já Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, figura com cerca de 1,5% de chance de eleição.
Nenhum dos outros cinco cardeais brasileiros com direito a voto é listado nas principais casas de apostas, como OddsChecker ou BetUS — o que indica que, para o mercado internacional, o protagonismo brasileiro ainda é improvável.
Chance implícita é a conversão da odd de uma aposta em uma porcentagem que representa a probabilidade estimada daquele resultado acontecer, segundo o mercado.
Atualmente, Pietro Parolin, cardeal italiano e secretário de Estado do Vaticano, lidera com odds que variam de 2.5 e 2.88 — o que indica uma chance implícita de eleição entre 20% a 40%.
O filipino Luis Antonio Tagle, considerado uma figura próxima ao estilo de Francisco, aparece com odds de 3.5 e 4, equivalendo a uma chance entre 20% e 25%.

A comparação mostra que, embora não estejam totalmente fora do páreo, os brasileiros ainda são vistos como apostas longas — aquelas em que a surpresa pode pagar alto, mas cuja probabilidade de acontecer é considerada bastante baixa.
Por que o Brasil não lidera nas apostas?
Mesmo sendo um dos países com mais fiéis católicos no mundo, o Brasil não figura entre os favoritos por motivos que vão além do fervor religioso:
- Baixa presença na Cúria Romana: com exceção de Braz de Aviz, os brasileiros atuam sobretudo no contexto pastoral nacional
- Visibilidade internacional limitada: poucos têm histórico de atuação em funções diplomáticas ou administrativas no Vaticano
- Momento geopolítico eclesial: os nomes cotados refletem um desejo de continuidade do projeto de Francisco ou de transição controlada — ambos favorecendo nomes já posicionados no centro da máquina eclesiástica