Como estão as investigações da Operação Penalidade Máxima?
Encabeçada pelo Ministério Público de Goiás, a Operação Penalidade Máxima vem denunciando casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro desde o final de 2022.
A terceira fase da operação foi deflagrada em novembro do ano passado, investigando sete partidas do Campeonato Brasileiro e de campeonatos estaduais. O objetivo foi cumprir 10 mandados de busca e apreensão em 8 municípios de 5 estados.
De acordo com nota do Ministério Público de Goiás enviada ao Aposta Legal Brasil, as investigações da fase III da operação prosseguem com a realização de interrogatórios e análise de material, não havendo ainda prazo definido para o término.
Como as investigações ainda estão em andamento, o Ministério não quis dar mais informações nem quis conceder entrevista sobre o assunto.
O que se sabe?
A terceira fase da operação é um desdobramento das fases I e II, deflagradas em fevereiro e abril de 2023, respectivamente. Até o momento, as investigações levaram ao oferecimento de 3 denúncias recebidas pelo Poder Judiciário, com 32 pessoas acusadas de crimes de integrar organização criminosa e corrupção em âmbito desportivo.
A fase atual das investigações apura possíveis manipulações ocorridas nas seguintes partidas:
- Avaí x Flamengo, pela Série A do Brasileirão de 2022;
- Náutico x Sampaio Corrêa, pela Série B do Brasileirão de 2022;
- Náutico x Criciúma, pela Série B do Brasileirão de 2022;
- Goiânia x Aparecidense, pelo Goianão de 2023;
- Goiás x Goiânia, pelo Goianão de 2023;
- Nacional x Auto Esporte, pelo campeonato paraibano de 2023; e
- Sousa x Auto Esporte, pelo campeonato paraibano de 2023.
Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nos municípios de Goiânia (GO), Bataguassu (MS), Campina Grande (PB), Nilópolis (RJ), Santana do Parnaíba (SP), São Paulo (SP), Volta Redonda (RJ) e Votuporanga (SP).
Como ocorrem as investigações?
A suspeita de manipulação em resultados de partidas esportivas parte de algumas ações incomuns por parte de jogadores, que podem estar envolvidos em esquemas de apostas. É o que explica o especialista em gestão de marketing esportivo Ricardo Grego.
“Não é comum que um jogador chute a bola para lateral de propósito. Não é comum quando um time é goleado ou toma um gol muito simples. Na internet tudo é registrado, tudo é dado”, explica.
“Se tem um rastreamento que um jogo x tem um impulsionamento muito grande em uma casa de apostas, você consegue rastrear isso por dados.”
Grecco destaca que alguns lances são vistos com maior atenção pelas entidades que acompanham esquemas de manipulação de resultados.
“Cartões amarelos são os mais comuns que a gente tem visto, porque ele não prejudica diretamente o clube. Tiro de meta, lateral, escanteios, esses lances por eles serem menores passam mais facilmente aos olhos do público. Tomar um gol, fazer um pênalti também são mais perceptíveis aos olhos do público e dos órgãos responsáveis”, coloca.
A partir dessas suspeitas, os policiais começam a realizar um levantamento de provas. Então, são emitidos os mandatos de busca e apreensão.
As primeiras fases da Operação Penalidade Máxima levaram à punição de nove jogadores, são eles:
- Nino Paraíba, atleta do Paysandu-PA; punido com 720 dias e R$ 100 mil de multa.
- Bryan, atleta profissional que teve como último clube no Brasil o Athletico Paranaense-PR; 360 dias e R$ 50 mil de multa.
- Diego Porfírio, atleta do Guarani, eliminação e R$ 60 mil de multa
- Alef Manga, atleta do Coritiba-PR; 360 dias e R$ 50 mil de multa.
- Vitor Mendes, atleta do Atlético Mineiro-MG; 720 dias e R$ 70 mil de multa.
- Sávio Alves, atleta profissional que teve como último clube no Brasil o Goiás-GO; 360 dias e R$ 30 mil de multa.
- Thonny Anderson, atleta do ABC-RN; multa de R$ 40 mil.
- Dadá Belmonte, atleta do América-MG; 600 dias e R$ 70 mil de multa.
- Igor Cárius, atleta do Sport-PE; R$ 360 dias e R$ 40 mil de multa.
Expectativas
Ricardo Grecco acredita que é possível que novas operações descubram casos antigos que ainda não haviam sido revelados.
Para ele, novos casos de manipulação devem continuar aparecendo, ainda que com menos intensidade que antes da operação.
“Quem jogava contra o futebol já percebe que aquilo não está certo e prefere se proteger. Quando se joga luz sobre um crime, outros que estão praticando tendem a parar”, diz.