Fora do marco dos games, como ficam os fantasy games no Brasil?
![marco legal jogos fantasy games.jpg](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fcdn.apostalegal.com%2F90f3de2a-2de7-4a64-9910-74d97d30a0b5%2Fmarco%20legal%20jogos%20fantasy%20games.jpg&w=3840&q=75)
O Projeto de Lei nº 2.796/2021, que estabelece o marco legal dos jogos eletrônicos, foi aprovado pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados e agora só aguarda sanção presidencial para se tornar lei.
O texto previa inicialmente a inclusão dos jogos de fantasia, os chamados fantasy games, na legislação, mas a categoria foi retirada durante a votação no Senado Federal.
A modalidade, em que os jogadores escalam equipes imaginárias ou virtuais de jogadores reais de um esporte profissional, é citada na Lei nº 14.790, que regulamenta o mercado de apostas de quota fixa no Brasil.
Para especialistas, a separação entre os fantasy games e os demais jogos contemplados pelo marco legal é algo positivo e traz maior segurança jurídica para ambos os setores.
Saída alinhada
O sócio do escritório Barcellos Tucunduva (BTLAW) e especialista em Mercado de Games e eSports, Marcelo Mattoso, explica que, por mais que os fantasy também tenham ferramentas de jogabilidade, eles estavam “desencaixados” na legislação do marco legal dos games.
A ideia da legislação era de regulamentar a fabricação, a importação, a comercialização, o desenvolvimento e o uso comercial de jogos eletrônicos. O cenário é diferente dos fantasy, que se aproximam mais ao mercado de apostas.
![quoteIcon](/_next/image?url=%2F_next%2Fstatic%2Fmedia%2FquoteLightIcon.8653e782.png&w=128&q=75)
“Era nocivo você misturar essas duas vertentes porque são mercados diferentes, com regras diferentes. Misturando, traz ônus para ambos os mercados.”
Conforme o presidente da Associação Brasileira de Fantasy Games (ABFS), Rafael Marchetti, a retirada da categoria do marco dos jogos foi alinhada junto à relatora do projeto no Senado.
Isso porque a modalidade entrou no artigo 49 da Lei 14.790. O texto da lei traz uma definição para o fantasy e o distingue dos jogos de azar.
“Como o artigo 49 é tido pela indústria como um artigo suficiente, era basicamente isso que se propunha no marco dos jogos, não fazia sentido ter duas normas dizendo a mesma coisa”, coloca.
Para a advogada do Ambiel/Belfiore/Gomes/Hanna Advogados e especialista e mestra em Direito Tributário pela USP, Livia Heringer, não há necessidade de uma nova lei para o setor.
“O setor parece estar satisfeito com o regulamento estabelecido pela Lei 14.790/2023 para a atividade e, a menos que surjam novas necessidades, não vejo motivos para um novo projeto de lei tratando especificamente dessa modalidade”, ressalta.
Expectativas para o setor
Tendo tido uma legalização por meio da lei das apostas, o setor de fantasy tem expectativas positivas para os próximos anos. A ABFS tem a previsão de um crescimento de 120% até 2026.
![quoteIcon](/_next/image?url=%2F_next%2Fstatic%2Fmedia%2FquoteLightIcon.8653e782.png&w=128&q=75)
“A gente já começa a observar, com a regulamentação, mais capital estrangeiro interessado em empresas de fantasy, mais empresas interessadas em investir.”
Hoje o setor ainda é bastante concentrado no futebol, mas Rafael Marchetti projeta uma expansão para outros esportes, como basquete, vôlei e, principalmente, os eSports.
O que diz a lei?
A lei das apostas traz um artigo que esclarece que a atividade de desenvolvimento ou prestação de serviços relacionados ao fantasy sport não se configuram como modalidade lotérica. Por conta disso, é dispensada a autorização do poder público para a modalidade.
- As equipes virtuais sejam formadas de, no mínimo, 2 (duas) pessoas reais, e o desempenho dessas equipes dependa eminentemente de conhecimento, análise estatística, estratégia e habilidades dos jogadores do fantasy sport;
- As regras sejam preestabelecidas;
- O valor garantido da premiação independa da quantidade de participantes ou do volume arrecadado com a cobrança das taxas de inscrição; e
- Os resultados não decorram do resultado ou da atividade isolada de uma única pessoa em competição real.
A lei acrescenta que as disposições sobre impostos ao apostador também se referem aos fantasy games.
No artigo, o fantasy é descrito como “esporte eletrônico em que ocorrem disputas em ambiente virtual, a partir do desempenho de pessoas reais”. Para se enquadrar, é necessário que: