Flamengo leva um em cada R$ 20 que a Betano ganha no Brasil
O contrato entre Flamengo e Betano não é apenas o maior patrocínio máster da história do futebol brasileiro. Os números revelam também o peso dessa parceria dentro das finanças da própria patrocinadora.
A casa de apostas deve registrar cerca de R$ 5 bilhões em receita bruta de jogo (GGR) no Brasil em 2025, e se comprometeu a pagar R$ 268,5 milhões por temporada ao clube carioca.
Em termos proporcionais, 5% de todo o faturamento bruto anual da Betano no país será destinado ao Flamengo. Na prática, de cada R$ 20 que a Betano arrecada no Brasil com apostas antes de descontos, R$ 1 vão direto para o Flamengo.
O que é GGR?
A sigla GGR vem de Gross Gaming Revenue (Receita Bruta de Jogo). Ela representa o faturamento bruto das casas de apostas, calculado como a diferença entre o total apostado pelos jogadores e o total pago em prêmios.
Considerando apenas os valores líquidos que ficam no caixa da Betano, depois de abatidos bônus, taxas de pagamento e comissões a afiliados, o patrocínio para o Flamengo consome entre 6% e 9% da receita da casa de apostas.
A conta fica ainda mais expressiva ao se olhar para o lucro líquido. Com base em margens típicas de operadoras globais, estima-se que a Betano lucre entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão por ano no Brasil. Nesse cenário, o contrato com o Flamengo representa algo entre 20% e 35% do lucro anual da empresa no país.
Como estimamos o lucro da Betano?
O ponto de partida é a estimativa do Banco Central de que os brasileiros movimentam até R$ 30 bilhões por mês em apostas online. Desse total, 94% retorna em prêmios aos jogadores. O que sobra, cerca de 6%, é a chamada receita bruta de jogo (GGR).
Esse cálculo leva a um mercado brasileiro que gera algo em torno de R$ 21,6 bilhões por ano em GGR. A Betano, líder isolada do setor, concentra aproximadamente 23% desse valor, o que equivale a R$ 5 bilhões por ano no Brasil.
Após descontos como bônus, taxas de pagamento e comissões, esse valor cai para cerca de R$ 3 bilhões anuais de receita líquida (NGR). Considerando margens operacionais médias da indústria, o lucro líquido da Betano no país deve variar de R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão.
Foi sobre esse cenário que se chegou à proporção: o contrato de R$ 268,5 milhões por temporada equivale a 5% da receita bruta, até 9% da receita líquida e até 35% do lucro anual da Betano no Brasil.
Média de mercado
A faixa de rentabilidade estimada é compatível com as margens de operadoras líderes do mercado internacional, como Flutter e Entain, que também trabalham com retornos líquidos entre 15% e 30% da receita líquida (NGR).
Betano é líder de mercado no Brasil
Com 3,2 bilhões de visitas apenas entre janeiro e julho de 2025, a Betano concentra cerca de 25% de todo o tráfego do mercado regulado de apostas no Brasil.
A plataforma também se tornou um fenômeno de interesse popular: em julho, foi o 8º termo mais buscado no Google Brasil, com 30,9 milhões de pesquisas mensais, à frente de nomes como Instagram, ChatGPT e até o próprio Flamengo.
O crescimento de visitas recebidas pela casa é constante: +3,5% nos últimos três meses e +16,8% no último ano. Além do patrocínio esportivo, campanhas agressivas e a regulamentação do setor ajudaram a consolidar a Betano como a marca mais forte do iGaming no Brasil.
O país já é disparado o maior mercado da empresa no mundo. Para efeito de comparação, no primeiro trimestre de 2025, a Betano registrou 1,107 bilhão de acessos no Brasil, contra apenas 23 milhões em Portugal e 48 milhões no domínio internacional (usado em países como Romênia e Chile). Ou seja: quase 50 vezes menos do que no Brasil.
Além do Flamengo, a Betano tem reforçado sua presença em grandes vitrines esportivas. No Brasil, a marca já esteve ligada ao Campeonato Brasileiro, à Copa do Brasil e até ao reality show A Fazenda, da Record TV.
No exterior, patrocina gigantes como Benfica, Sporting e Porto, em Portugal, e já estampou sua marca em competições da UEFA.
O Flamengo deve receber cerca de R$ 895 milhões da Betano em 40 meses. Esse montante supera com folga os acordos de patrocínio anteriores no país e até mesmo a receita anual que o Flamengo obtém com direitos de televisão do Campeonato Brasileiro (cerca de R$ 200 milhões).