Larissa Borges
Escrito Por
Larissa Borges
Sobre O Autor
Jornalista com oito anos de experiência, Larissa passou os últimos três desmistificando o mercado de apostas brasileiro. Ao entrevistar especialistas na área, Larissa conquistou a expertise de identificar quais casas são confiáveis e quais estratégias funcionam (ou não!) nas apostas esportivas.
Última Atualização
12 Dias Atrás
Atualizado:

Entrevista - Trader Esportivo Ricardo Santos, da Full Trader

Cover image for post Entrevista Com Ricardo Santos
Entrevista Com Ricardo Santos
Entrevista – Trader Esportivo Ricardo Santos, da Full Trader

O Aposta Legal entrevistou de forma exclusiva o trader brasileiro Ricardo Santos. Hoje ele é um dos principais traders esportivos brasileiros.

Em nossa conversa falamos sobre como Ricardo entende as apostas em esportes e como o seu trabalho online teve início.

Ao fim, tivemos um posicionamento importante do trader esportivo sobre como ele enxerga o futuro do mercado de apostas brasileiro com a regulamentação! Confere abaixo esse bate-papo!

1. Ricardo, como foi a sua entrada no mundo das apostas esportivas? Conta para a gente um pouquinho do início da sua carreira e da sua ligação com os esportes!

“Eu jogava Poker, não vou dizer que que profissionalmente, mas jogava e ganhava uma graninha. Adoro Poker, inclusive até hoje! E uns amigos que jogavam Poker falavam das apostas esportivas. Eu já sabia que elas existiam, até que alguém disse uma palavrinha para mim: que nas apostas esportivas a variância era menor do que no Poker, e a variância é muito importante para a gente no Poker.”

Ricardo afirma que se perguntou como a variância poderia ser menor nas apostas esportivas, pois, segundo ele, é preciso jogar milhares de mãos no Poker para ser lucrativo.

Às vezes é preciso 3 meses rodando muitas mesas [para ter lucro]

Foi a partir dessa descoberta que Ricardo Santos foi atrás de mais informações sobre o Trading Esportivo.

“No início eu não tinha muito material. Tinha um fórum português que eu acompanhava, e eu acho que era a única coisa que tinha na época. E fui aprendendo sozinho. Perdi muita grana no início, e isso já tem mais de 10 anos. Não sei ao certo exatamente, mas tranquilamente mais de R$100 mil. Foi muito por não saber o que fazer. Mas foi assim, em busca de uma renda variável e por amigos do Poker que eu conheci as apostas esportivas. E nunca mais parei!”

2. O que motiva o seu trabalho como influenciador digital das apostas esportivas? De que forma você acredita que pode ajudar novos apostadores a terem sucesso nesse mercado tão complexo?

“O que me fez produzir conteúdo, ser um influenciador na área das apostas esportivas foi uma coisa que eu fazia e que eu vi que ninguém fazia. Pelo contrário, as pessoas diziam que isso não existia, que foi trabalhar com dados nas apostas esportivas.”

De acordo com Ricardo, ele já trabalhava com dados na Prefeitura de Guarulhos, onde era funcionário público. No caso, eram dados voltados para a área da saúde. Ele complementa:

Comecei a aplicar isso no Futebol. Comecei a trabalhar com uma base de dados. As primeiras [bases] eu mesmo criei, com as minhas próprias bases, anotando na unha, na mão, linha por linha. Tenho mais de 20 mil linhas no Excel, que eu fiz naquela época, na mão, sozinho, para encontrar padrões no Futebol.

Ricardo acrescenta que na época o que se falava sobre apostas esportivas em termos de estratégia era muito subjetivo e não se falava em padrões. O trader revela que o segredo foi começar a usar a matemática.

“E como profissional que já trabalhava com isso, comecei a me dar muito bem nas minhas operações nas apostas. E comecei a falar sobre isso, abri um canal no YouTube para falar sobre isso, para divulgar para as pessoas que tudo é matemático. É isso que eu acredito, é isso que eu vejo: tudo é matemática nas apostas, tudo é probabilidade.”

Inclusive no início tomei muita pancada, muita pancada mesmo, de pessoas dizendo que isso era uma bobagem, que Futebol é um esporte completamente aleatório, que não existe padrão nenhum no Futebol. [Recebi] muita, mas muita crítica pesada mesmo no início.

“As pessoas queriam acessar o que eu acessava, então criamos uma empresa, que é a Full Trader, que hoje é talvez a maior produtora de dados, de ferramentas para os apostadores.

Nós nos tornamos talvez uma das maiores referências do mundo em relação à análise de dados, de data science aplicada nas apostas esportivas.”

Ricardo finaliza:

“Foi a matemática que me fez querer começar a produzir conteúdo diferenciado porque eu vi que ninguém falava sobre isso e isso me gerava muito resultado.”

Veja abaixo um vídeo de Ricardo explicando um método de gestão de banca:

3. Todo apostador que acompanha o teu trabalho e observa o teu sucesso em algum momento pensa que gostaria de viver de apostas esportivas. O que tu diria a esses apostadores e novos traders que estão começando agora nesse universo?

“Eu sempre digo isso e com muita clareza: eu não acho que seja uma opção inteligente, financeiramente, viver unicamente das apostas esportivas.

E não é que não dê para gerar renda com isso. Hoje eu gero uma renda muito grande, mais do que médicos. A minha renda, posso dizer aqui, que mensal, com as apostas, é muito maior do que a de 2, 3 médicos juntos. Porém é uma renda variável, e nós dependemos de algumas coisas.”

“Na pandemia, por exemplo: com poucos jogos, se você só faz o Trading para viver, você não iria conseguir operar muito, porque não tem muitos jogos. E aí, como é que fica? Então eu não aconselho viver somente das apostas esportivas como operador.”

Para Ricardo, temos aqui o agravante da pressão psicológica em ter de fazer resultados no mês para pagar as contas do mês.

“Eu aconselho o seguinte: que tenha múltiplas fontes de renda, em que as apostas esportivas sejam apenas mais uma delas. Gere renda em outros mercados, em outros lugares, e pega esse dinheiro ou uma parte dele e coloca nas apostas esportivas para que você consiga multiplicar esse dinheiro.”

4. Qual o seu perfil enquanto apostador? Tem uma tendência a correr mais riscos ou traz uma abordagem mais conservadora?

“Quanto a ser mais conservador ou a correr mais riscos, eu acho que é um problema nós pensarmos em cada apostador ter um perfil. O risco, na verdade, está na matemática do processo, está no método, e não deveria estar no perfil.

Eu tenho um método, por exemplo, em que eu uso 10% como stake. E tem outros métodos em que todos nós deveríamos ser conservadores porque a variância é maior. Então a ideia de ser conservador ou agressivo não deveria ser um perfil psicológico. Deveria ser analisado de acordo com a variância da metodologia.”

A posição de Ricardo é mais uma vez baseada na matemática:

O que vai decidir se eu vou ser agressivo ou conservador é a matemática e não o meu perfil psicológico.

Para Ricardo, o que as pessoas deveriam pensar é:

“Olha, neste método aqui, por ter uma variância menor, eu vou ser mais agressivo. Naquele outro método, por ter uma variância maior, eu vou ser menos agressivo, eu vou ser mais conservador porque o método exige, não porque o meu perfil mental é mais conservador ou mais agressivo”.

Ele reconhece que isso pode ser contraintuitivo.

“Eu sei que a maioria das pessoas não pensa assim, mas eu não sou nem conversavor, nem agressivo: eu gosto de operar o mercado de acordo com a variância. Variância baixa, eu vou agressivo para o mercado. Variância mais alta, eu vou conservador para o mercado.”

Confira um toque do Ricardo sobre variância nas apostas esportivas:

5. Nós sabemos que você opera apenas na Betfair. Quais as vantagens, na sua opinião, do trading e das bolsas de apostas em relação às sportsbooks tradicionais?

Bolsas de Apostas – Exchanges

“Acho que dá para extrair valor de qualquer situação. Primeiro, a Betfair tem uma questão na Exchange, que ela não vai limitar os ganhos. A limitação que existe na Betfair é uma limitação de liquidez, de quanta liquidez eu tenho para fazer minhas operações. A liquidez é muito alta, então é tranquilo.”

A principal diferença entre um trader que opera na Betfair e um punter que vai operar em uma sportsbook é a forma de se fazer a análise e a escolha dos jogos para operar.

“O trader não seleciona os jogos para trabalhar. O trader seleciona os momentos dentro dos jogos. É diferente. Um trader precisa aprender a escolher dentro de um jogo qual é o melhor momento para ele fazer a operação, pois tem muita variação.

Tem momentos do jogo que não dá para fazer nada. Então a vantagem que um trader tem sobre um punter, por exemplo, é justamente acompanhar o jogo e operar naquele momento específico. Se o jogo mudar, o trader vai embora.”

Mas claro que Ricardo reconhece desvantagens!

“Porém tem desvantagens também. Muitas pessoas que estão operando na Betfair, entrando e saindo do jogo, podem perder algumas oportunidades de operar, por perder o timing da entrada.

O punter já pode ter se posicionado antes de o jogo começar, em algum handicap, por exemplo, ou até no mercado de resultado final. E o trader vai aguardar um comportamento favorável. E nessa de aguardar um comportamento favorável, pode ser que o gol saia e o trader não consiga pegar.”

Casas de Apostas – Sportsbook

“As pessoas que trabalham como punter hoje buscam precificar o mercado, encontrar onde a odd deveria estar para aquela linha. Eu não faria isso. Por quê? Porque o mercado das casas de apostas já faz isso muito bem. A estrutura que as casas têm para determinar o preço de um evento é muito grande, mas muito grande mesmo. Principalmente em grandes ligas.

Então eu não iria disputar com a casa por preço. Como punter, eu iria selecionar jogos muito bem, de acordo com a variância dos jogos. Eu selecionaria jogos com odds entre 1,8 e 2,20, mais ou menos, porém jogos onde eu tenha uma variância menor, onde eu tenha um índice de confiança maior nesses jogos no pré live.”

Para Ricardo, a concorrência no Trading é menor, o que torna essa prática mais atrativa!

“Tem muito mais punters do que traders no mundo. A maioria das pessoas não sabe operar no live ainda, então eu acho que é muito mais fácil fazer dinheiro como trader.”

6. Como é a rotina do Ricardo Trader? Quantas horas por dia você investe em estudar, analisar jogos e efetivamente apostar?

“A minha rotina talvez seja um pouco diferente de outras pessoas. Eu sou um apaixonado por estudo. Eu amo estudar. Então a quantidade de tempo que eu passo estudando as apostas esportivas é tranquilamente mais de 4 horas por dia, sem operar.”

E eu adoro estudar à noite, então às vezes eu fico estudando até umas 2, 3 horas da manhã. Eu fico estudando, encontrando padrões em bancos de dados, criando metodologias, validando algumas teses.”

“Operando, eu posso dizer que eu opero às tardes. Eu opero a partir das 2, 3 da tarde e costumo ficar aí até umas 10 horas da noite. Então umas 8 horas por dia eu passo operando.

E eu opero de domingo à sexta-feira. Eu não opero aos sábados. Eu esqueço, eu relaxo total. Domingo é o dia em que eu mais trabalho. Começo de manhã e fico o dia inteiro, das 8 da manhã até as 10, 11 horas da noite.”

No vídeo abaixo, inclusive, Ricardo aborda o fato de que o Trading não é para todo mundo:

7. Por fim, uma pergunta de ordem mais legal: como você, enquanto trader, enxerga a regulamentação das apostas esportivas no Brasil?

“As pessoas que estão cuidando da regulamentação no Brasil não trabalham com as apostas esportivas. Elas não conhecem. Abriram no Brasil uma consulta pública para que as pessoas dissessem o que elas acham do modelo de regulamentação. E nós enviamos várias cartas, vários modelos. Só que eles simplesmente não ouvem.”

Ricardo aponta, assim como já adiantamos anteriormente no Aposta Legal, que um dos maiores problemas do modelo brasileiro é o tipo de tributação.

“Praticamente nenhum apostador profissional vai ser atraído por esse tipo de negócio. E muitos ou vão para outros países ou vão continuar na ilegalidade. O que o governo não quer, pois ele quer é arrecadar. E para arrecadar tem que ter dinheiro no mercado.”

Ao mesmo tempo, Ricardo salienta que o Governo pode, sim, arrecadar, se o foco for os apostadores amadores.

“Eles [apostadores amadores] não entendem como é que funcionam as apostas esportivas. Vão lidar com as apostas como tentativa e erro, como jogo de azar e vão encarar do mesmo jeito que a loteria.

A maioria não entende sobre valor esperado positivo, não compreende as probabilidades e vão simplesmente apostar. Tem muita gente que vai fazer isso, então o governo vai acabar arrecadando muito dinheiro. Mas para o profissional eu acredito que pode ser que o cenário não seja dos melhores.”

Quer saber mais sobre o trabalho do Ricardo? Então confere onde encontrar ele:

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pensando em “Entrevista – Trader Esportivo Ricardo Santos, da Full Trader

    Comentários de usuários

  1. admin

    Oi boa noite, já q estou enviando em uma noite de sábado, então um amigo me apresentou o mundo das apostas, mas era aquele método de achismo q não funciona, venho por meio desta mensagem solicitar q quero fazer curso de iniciante e após o Ppc, já assisti muitos vídeos seus, gostei da sua didática e acredito q tenho potencial para operar.
    Desde já agradeço sua atenção.
    Maurici
    Joinville – SC

Você pode gostar

Comparar Casas de Apostas

Selecione no máximo 3 casas

Comparar