Como as casas de apostas vão lidar com segurança de dados?

Com as apostas esportivas em alta, uma das preocupações não só dos usuários, mas das plataformas em si, deve ser com a segurança dos dados e transações.

Um estudo feito por especialistas da Netrin, detectou um padrão de cerca de 10% de irregularidade em aproximadamente 1 milhão de cadastros de pessoas físicas (CPFs) consultados.

Para reduzir riscos, é essencial que as casas de apostas cuidem da segurança de suas plataformas. Entrevistamos 3 especialistas que trouxeram seus pontos sobre o assunto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) nas apostas esportivas.

Quais as responsabilidades das casas de apostas com segurança de dados?

Apesar de ser um assunto relevante, ainda não se tem um regulamento e orientações específicas da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) sobre a relação entre LGPD e a operação das casas de apostas.

Em resposta ao Aposta Legal Brasil, a ANPD afirmou em nota que vários temas serão regulamentados no biênio 2023-2024 e que “tem expedido orientações destinadas a auxiliar os agentes de tratamento na implementação da LGPD.”

Mas quais as melhores práticas que as casas de apostas devem adotar para garantir a conformidade com a LGPD e proteger os dados dos usuários?

Segundo Gabriela Diehl, fundadora da BeCompliance e advogada especializada em Compliance e Proteção de Dados, é importante ter um treinamento para as equipes.

“Primeiramente, é necessário investir em treinamentos voltados para LGPD para a equipe responsável pela LGPD na empresa, além de buscar uma equipe de advogados especializados e buscar uma plataforma digital para facilitar o dia a dia da gestão da LGPD”, pontuou.

Conhecer o seu público também é um aspecto relevante. Para Marcelo Sousa, head de produtos da CAF, o protocolo mais essencial é o KYC (Know Your Customer), um conjunto de práticas adotadas por instituições financeiras para verificar a identidade dos clientes.

Já para Florence Terada, gestora das áreas de Inovação em Serviços Financeiros e de Tecnologia, Mídia e Entretenimento da Opice Blum, um aspecto ainda mais relevante é se atentar às transações internacionais.

“Além da necessidade de atender aos princípios da LGPD, é necessário que as casas de apostas adequem suas atividades de compartilhamento de dados pessoais de acordo com as bases legais previstas na legislação, inclusive sob a perspectiva de transferência internacional de dados pessoais, e com as medidas de segurança necessárias para mitigar riscos de incidentes.”, diz

Como as casas podem minimizar o vazamento de dados e fraudes?

Outro ponto importante sobre a proteção dos dados dos usuários, é sobre a possibilidade de vazamento dos mesmos.

Florence Terada explica que antes antes de qualquer incidente, as casas de apostas já devem ter uma Política de Segurança da Informação estabelecida.

Já Marcelo Sousa, head de produtos da CAF, explica que estabelecer uma sólida governança de dados é o primeiro passo. “Isso inclui mapeamento de processos para identificar fluxos de dados pessoais e definição clara de responsabilidades internas.”

Além disso, Marcelo fala sobre como certificações como ISO/IEC 27001 podem reforçar a segurança e conformidade. “Essas certificações não só garantem um nível elevado de proteção, mas também podem ser um diferencial competitivo.”

Por fim, o especialista reforça a importância do uso de soluções tecnológicas modernas, como bancos de dados distribuídos e anonimização de dados. Essas tecnologias visam proteger dados sensíveis com criptografia avançada, garantindo conformidade com a LGPD sem comprometer a sua integridade.

Em um cenário onde a segurança de dados se torna cada vez mais crucial para as casas de apostas, é evidente que a conformidade com a LGPD não é apenas uma exigência legal, mas uma ferramenta estratégica para mitigar riscos e agregar valor ao negócio.