Escrito Por:
Larissa Borges
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Entrevista Com Jorge Avancini, Do Internacional: Futebol Pode Aprender Com As Casas De Apostas

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Entrevista - Jorge Avancini, VP De Marketing Do Internacional
Entrevista Com Jorge Avancini, Do Internacional: Futebol Pode Aprender Com As Casas De Apostas

O Internacional é um tradicional time gaúcho que já fez história no futebol nacional. Hoje, além de disputar a Série A do Brasileirão, busca o título da Copa Sul-Americana.

O trabalho realizado pela equipe técnica é muito bem vista nos resultados alcançados em campo.

Contudo, o prestígio do clube não é resultado apenas do seu desempenho nos gramados, mas também do seu setor de marketing.

Um dos segmentos que o Colorado fechou patrocínio é o de casas de apostas. Há quase um ano, tem como patrocinador o site Betsul. Além disso, o Inter tem a missão de se tornar o clube mais digital do Brasil.

O Aposta Legal fez uma entrevista com Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Internacional, para falar como as casas de apostas têm mudado o setor de marketing esportivo no Brasil. Confira!

1. Quais as expectativas do clube para a temporada de 2022?

Na realidade, o momento do Internacional está bem difícil. Tivemos a derrota no campeonato estadual, fomos desclassificados na primeira fase da Copa do Brasil e a pressão é alta.

Fechamos um ano de gestão atual e temos mais um ano pela frente. A ideia é arrumar o clube, organizá-lo financeiramente e fazer muitas mudanças.

Temos ainda duas competições importantes que é o Campeonato Brasileiro e a Sulamericana, e o Inter sempre entra em campo para ter uma boa performance.

Estamos atingindo nossos objetivos, não ainda em campo, mas fora de campo, conseguindo colocar o clube em ordem. Os resultados virão, é só uma questão de tempo.

2. O Inter é um time de destaque no futebol nacional. Como o marketing ajuda a trazer mais projeção para o clube?

O marketing ajuda sempre. Cada vez mais eu afirmo que o marketing hoje em um clube de futebol é a segunda pasta mais importante. A primeira pasta é o departamento de futebol, depois vem o marketing e em terceiro, o financeiro. São as três grandes colunas que sustentam um clube moderno.

O marketing pode interromper os teus projetos por causa de um resultado ou uma performance ruim, porque se no próximo jogo o resultado for positivo, o cenário todo muda. Claro, alguns projetos desaceleram, mas não deixa-se de lado as ativações com sócios.

Recentemente Porto Alegre comemorou 250 anos de fundação e fizemos uma campanha para homenagear a cidade.

Também jogamos o Grenal (o qual perdemos) apresentando a nova camisa do clube em 2022. Por fim, continuamos nos relacionando com o mercado e buscando patrocinadores.

3. Quais as perspectivas do marketing para o futebol nacional?

Temos alguns pontos importantes. Em termos de tecnologia, tem a chegada do 5G no Brasil, que abrirá oportunidades, principalmente na geração de conteúdo e na comercialização disso.

Outro ponto será quando os contratos de transmissão com a Globo terminarem, em 2024. Um dos caminhos que poderá surgir é a possibilidade de cada clube gerar o seu conteúdo e colocar no mercado como fonte geradora da transmissão dos seus jogos.

Toda a parte de licenciamento também precisa ser revista. O modelo de licenciamento das marcas de clubes do Brasil já se esgotou, sendo preciso rever e encontrar o seu melhor caminho.

As casas de apostas que ainda é um segmento muito novo no Brasil e, mesmo que ainda não estejam regulamentadas, estão presentes em 30 clubes brasileiros. São muitos players que chegaram de uma vez e é um mercado que a gente pode aprender mais com ele.

O objetivo é entender em que sentido o volume de jogo pode trazer retorno para os clubes. As empresas de apostas vindo para o Brasil, que é um mercado diferente, tem que ensinar o torcedor como ele joga e os clubes estão aprendendo também como fazer isso.

4. O Inter está com a missão de se tornar o clube mais digital do país e alcançar a marca de 200 mil sócios. Por que alcançar essa meta é importante para o clube? O que seria “um clube mais digital”? Quais estratégias estão sendo desenvolvidas para isso?

Hoje os clubes não podem ficar fora do digital, pois são uma grande instituição de geração de conteúdo. Usando uma metáfora com o teatro, os clubes possuem os artistas que são jogadores; o teatro, que são os estádios; e o público cativo, que são os torcedores.

Então, os grandes clubes – como o Inter – , se não lidarem com o digital, estarão fora do mercado. É com engajamento, fidelização, geração de streaming e de conteúdo que os clubes podem ganhar dinheiro, pois os modelos tradicionais de patrocínio e licenciamento, chegaram a um limite no Brasil. Você não tem mais grandes empresas querendo investir elevadas somas no futebol.

É preciso tornar um clube digital para atender o torcedor em qualquer lugar do mundo. Assim, esse torcedor irá interagir com o clube e, através dessa interação, o time gera relacionamento, leads, engajamento e vendas de produtos e serviços relacionados à equipe.

Por isso queremos ser um clube mais digital e estamos trabalhando nisso há mais de um ano. Já estamos em um estágio bem maduro, com expectativa de colocar alguns projetos em prática até o final do primeiro semestre de 2022.

5. O Inter fechou parceria com a Betsul, uma casa de apostas que está consolidando sua marca na América Latina. Quais ações, além do patrocínio e nome da marca estampada na camisa, o clube tem com a casa de apostas?

Além da marca estampada no uniforme, todo dia que tem jogo, a casa de apostas oferece alguma vantagem para os sócios que estão cadastrados no parceiro de apostas. E, claro, sempre fomentando para que ele vá no site ou aplicativo e faça lá suas apostas.

A Betsul também tem nos apoiado em outras ações, como eventos internos e investiram financeiramente em 2021 nas reformas que fizemos no centro de treinamento das categorias de base. Temos tido uma parceria muito boa.

Diria que é um segmento que precisa se consolidar, tem muitas casas de apostas, algumas que nunca ouvimos falar. Acredito que em mais dois ou três anos esse mercado se acomoda e não haverá tanta oferta de patrocínio por parte das marcas.

No momento, todas as operadoras que vieram para o Brasil, viram no futebol um grande canal para a expansão de marca de forma muito ampla e efetiva.

6. Como avalia a chegada desses novos players (casas de apostas) no mercado do futebol? Quais os benefícios essa parceria entre casas de apostas e clubes podem trazer para o futebol?

Acredito que as casas de apostas como patrocinadoras ajudaram muito o mercado nesses dois últimos anos em que os tradicionais patrocinadores recuaram dos negócios, as verbas diminuíram e as empresas tradicionais encolheram por causa da pandemia.

As casas de apostas investiram de forma pesada nesse período, ocupando espaços deixados por grandes marcas

7. As apostas esportivas de cotas fixas são legalizadas no país e o mercado está para ser regulamentado em breve. Você acredita que, com a regulamentação das apostas, os clubes de futebol serão beneficiados de alguma maneira? Por quê?

Sim, pois permitirá que as casas de apostas se aprofundem na sua estratégia e no seu negócio. Isso irá melhorar e qualificar os investimentos das casas nos clubes, inclusive naqueles ganhos que vocês têm sobre os resultados.

No Inter, por exemplo, parte do nosso contrato com a Betsul é em performance. Uma parte é paga em dinheiro e outra parte que é paga sobre o volume que o torcedor do Inter joga no site.

Nosso torcedor tem que ser educado e temos que aprender a fazer isso. Não é simplesmente só regular o mercado, tem que ser um projeto sério para que o torcedor e a população não sejam lesados.

A verdade é que esse mercado já acontece na informalidade e o governo não fatura imposto e não gera empregos.

8. Você acredita que a regulamentação das apostas pode auxiliar na quitação das dívidas públicas dos clubes e torná-los mais competitivos em campeonatos nacionais e internacionais?

Na minha visão é preciso uma profissionalização dos clubes. Eu não defendo que os clubes viram empresas, mas em vários momentos deve se pensar como uma empresa privada e serem geridos dessa forma. Não adianta as dívidas serem perdoadas ou fazer benefícios fiscais, se depois os clubes não cumprem.

Não é com a regulamentação das casas de apostas que isso vai acontecer, são outros controles que precisam ser feitos. Até mesmo o SAF, que é uma situação nova. Para mim é um momento de avaliar como o setor vai se comportar e por ser novidade, qualquer opinião é mera especulação.

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